Clementina de Jesus em seu apartamento no bairro Lins de Vasconcelos, Rio de Janeiro – Julho de 1979 | Foto: Walter Firmo
Clementina de Jesus trabalhou como empregada doméstica por 20 anos de sua vida. Seu destino seria como o da maioria dos brasileiros caso seu talento musical não tivesse sido descoberto. Provavelmente, trabalharia até o corpo não poder mais, sem nunca conquistar uma velhice confortável.
A voz inconfundível, rouca, grave e rasgada não trouxe uma fortuna para Clementina. No entanto, lhe deu a chance de gravar mais de 120 músicas e participar de discos de outros artistas, além de ser considerada uma das principais intérpretes do Brasil. Diferente da maioria, que tem tanto a mostrar e nenhum espaço, ela teve a oportunidade de brilhar tardiamente, aos 62 anos (1964).
Há 17 anos, esta grande artista da música popular brasileira morreu, deixando como legado a tradição oral que trouxe para o partido alto. Com um canto quase falado, ela criou uma linguagem contemporânea para abordar elementos da cultura africana que ecoa até hoje, 50 anos depois de sua primeira aparição como cantora em público.
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